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Aposentados terão 6,5% de reajuste em 2010
Ficou pactuado que serão concedidos aumentos equivalentes à inflação do período mais 50% da alta do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás (em 2010, por exemplo, o cálculo será feito com base no PIB de 2008).
Tânia Monteiro
Depois de quase quatro horas de reunião, o governo e as principais centrais  sindicais fecharam um acordo que prevê reajuste real para os aposentados e  pensionistas que ganham acima de um salário mínimo. Ficou pactuado que serão  concedidos aumentos equivalentes à inflação do período mais 50% da alta do  Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás (em 2010, por exemplo, o cálculo  será feito com base no PIB de 2008). 
Isso significa, em termos práticos,  um reajuste de 6,5% em 2010, aí incluídos 2,6% de aumento real. O porcentual  considera a projeção do INPC para este ano, de 3,49%, mais metade da alta do PIB  de 2008, de 5,5%. O impacto na folha será de cerca de R$ 3 bilhões, já  autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo os ministros da  Previdência, José Pimentel, e da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci.  
O acordo fechado ontem, que será transformado em projeto a ser votado no  Congresso, prevê ainda a flexibilização do fator previdenciário, que passaria a  funcionar com a regra "85-95". Tal fator refere-se à soma, para fins de  aposentadoria, da idade com tempo de contribuição. Para mulheres, a soma deve  resultar em 85 e, para os homens, em 95.
O texto trará a novidade de que  o empregador não poderá demitir o funcionário um ano antes da aposentadoria, sob  pena de multa. Também estará no projeto que o tempo que a pessoa ficar  desempregada recebendo seguro-desemprego contará para aposentadoria, assim como  o período de aviso prévio. 
Será criada uma mesa de negociação permanente  para garantir um reajuste real para aposentados que ganham mais de um mínimo a  partir de 2011. Essa mesa discutirá uma bolsa de benefícios para idosos, com  medicamentos e transporte.
Apenas a Central dos Trabalhadores e  Trabalhadoras do Brasil e a Associação dos Aposentados ficaram contra o acordo.  Os ministros Pimentel e Dulci lamentaram, mas avisaram que isso não impediu que  o acordo fosse fechado e esteja assegurado. "As centrais se comprometeram a  trabalhar pela aprovação do substitutivo do deputado Pepe Vergas (PT-RS),  relator do projeto na Câmara, com essas propostas no Congresso. As maiores  centrais aceitaram. As demais têm o direito de não aceitar, mas isso não impede  o acordo", disse o ministro Dulci, ao informar que o presidente Lula reiterou  que o acordo poderia ser fechado nessas bases, "apesar de representar um esforço  enorme do governo". E avisou: "O presidente Lula disse que considera justo o  pedido e este é o esforço máximo que o governo pode fazer". Segundo Dulci, Lula  lembrou que serão beneficiados 8,5 milhões de aposentados e pensionistas.  
Pimentel, por sua vez, comentou: "Esse aumento é absorvível pelas nossas  contas". Mas, cerca de uma hora antes, ao sair de encontro com Lula, o ministro do Planejamento,  Paulo Bernardo, disse que ainda não seria possível fechar o  acordo porque o governo não havia definido o Orçamento de  2010.
No acordo, ficou definido ainda que hoje pode expurgar 20% dos  piores salários para fazer o calculo de aposentadoria. No acordo subiu para 30%  o expurgo, o que significa um aumento do valor médio do benefício.
Os  presidentes da CUT, Arthur Henrique, e da Força Sindical, deputado Paulo Pereira  da Silva (PDT-SP), comemoraram e classificaram o acordo como "histórico".  Segundo Henrique, "é um passo importante para construir uma política permanente  de reajuste dos benefícios acima do mínimo". O presidente da CGTB, Antonio Neto,  que saiu pouco antes do fim do encontro, disse que não entendia por que havia  central contra o acordo, que melhora muito a vida dos trabalhadores.