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Regras da internet pela tomada são aprovadas
Ela prevê que as distribuidoras de energia terão que criar subsidiárias para explorar a transmissão de dados pelos fios da rede elétrica e deverão compartilhar os ganhos com os consumidores de eletricidade.
Mônica Tavares
A última e uma das principais regulamentações para a implantação da internet pela tomada — serviço chamado de Power Line Communications (PLC) — foi aprovada ontem pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Ela prevê que as distribuidoras de energia terão que criar subsidiárias  para explorar a transmissão de dados pelos fios da rede elétrica e deverão  compartilhar os ganhos com os consumidores de eletricidade.
Isso  significa que a receita obtida com o aluguel da rede da distribuidora será  considerada ganho de eficiência e, dessa forma, repassada às contas de luz, na  proporção de 90%. Somente 10% vão para os acionistas, o que causou reação  negativa das empresas.
O PLC consiste em transmitir internet em alta  velocidade (dados e voz em banda larga) pela rede de energia elétrica. Como  utiliza uma infraestrutura já disponível, argumenta o órgão regulador, a  tecnologia não implica necessidade de obras e investimentos em uma edificação  para ser implantada.
Várias distribuidoras afirmam que a regra retira  qualquer incentivo às empresas. Isso porque, nessa fórmula, elas não podem  transformar a internet pela tomada em um nicho de negócios (se têm que passar os  ganhos às tarifas, elas não ganharão com a atividade). Ao contrário, alegam, só  ficariam com o ônus, por exemplo, de intermediar o serviço e lidar com o  cliente. Além disso, afirmou ao GLOBO o presidente de um grande grupo  brasileiro, a tecnologia ainda não seria competitiva: — É impossível competir  com o wireless (transmissão de dados sem fio).
Mas a Aneel alega que a  internet pela rede elétrica também poderá ser usada pelas distribuidoras para  implantar os medidores eletrônicos de consumo. Eles estão sendo estudados pela  Aneel e serão uma importante arma para as empresas combaterem os chamados  “gatos” — o roubo de energia é a maior fonte de perdas às companhias. A  expectativa é que os medidores deverão se tornar obrigatórios.
Tecnologia poderia chegar a cidades em até 18 meses A decisão é que o repasse  terá de ser feito nas revisões tarifárias das distribuidoras, que acontecem de  forma diferenciada, dependendo dos contratos de concessão. No caso da Light e da  Ampla, as distribuidoras que operam no Estado do Rio, os ganhos serão  contabilizados a cada cinco anos.
A tecnologia poderia chegar às grandes  cidades em um prazo entre 12 e 18 meses, segundo especialistas. E, diante da  imensa rede elétrica do país, tem potencial para agilizar o esforço de inclusão  digital. As distribuidoras interessadas em explorar o PLC deverão pedir  autorização à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para prestação do  Serviço de Comunicação Multimídia (SCM).