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Inflação menor reduz reajuste do mínimo
Governo prevê mínimo de R$505,90 para 2010
Geralda Doca
O salário mínimo a ser pago em janeiro de 2010 será de R$505,90 - o que  representa reajuste de 8,8% sobre o atual piso nacional, fixado em R$464,72, de  acordo com o previsto no Projeto de Lei Orçamentária que o governo enviará hoje  ao Congresso Nacional. O reajuste, de R$40,90, é um pouco inferior ao estimado  em abril na Lei de Diretrizes Orçamentárias  (LDO), quando a previsão era a de que o salário mínimo passaria  a R$506,50. 
A diferença a menos no bolso do trabalhador se deve à revisão na  inflação deste ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC),  que registra a variação do custo de vida para famílias que ganham até três  salários mínimos. 
O valor do piso nacional é definido com base em uma  fórmula que contempla o INPC acumulado nos 12 meses anteriores à data de  concessão do último reajuste. Para 2010, esse cálculo terá como referência o  período entre fevereiro deste ano e janeiro do ano que vem. A previsão é que  esse índice seja de 3,52%. A previsão anterior era 3,62%. 
A outra  variável é o crescimento da economia nos dois anos anteriores. Nesse caso, entra  na fórmula o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2008, que apresentou  expansão de 5,1%. 
Hoje é o último dia para que o Executivo envie a  proposta orçamentária ao Legislativo e uma das grandes incógnitas é a projeção  de receitas para 2010 - num momento em que o governo enfrenta quedas sucessivas  na arrecadação de impostos e contribuições federais e crise na Receita Federal.  
O ministro do Planejamento,  Paulo Bernardo, minimizou  semana passada a queda nas receitas, argumentando que a economia terminará o ano  em ponto de bala e "bombar"em 2010, chegando a crescer 5%. O texto, porém,  mantém a estimativa da LDO para a variação do PIB em 4,5% - o  que vai gerar R$3,326 trilhões em riquezas em 2010. Este ano, a taxa de expansão  deverá ficar na casa de 1%. 
No ano eleitoral, o novo orçamento deverá  contemplar aumento de gastos já comprometidos pelo governo com a folha de  salários, em virtude de aumento real das aposentadorias do INSS acima do piso  (gastos adicionais de R$3 bilhões) e dos reajustes programados para o  funcionalismo, com impacto em torno de R$29 bilhões em 2010. 
Reservas  para PAC e projeto habitacional 
Também estarão reservados os investimentos  do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do plano habitacional Minha  Casa, Minha Vida. Não por menos, devido à pressão de gastos, a União já anunciou  uma redução da economia para pagamento de juros em 2010. Os 3,8% do PIB de  superávit primário anteriormente previstos caíram a 3,3%. 
De acordo com  o texto da proposta, a taxa de câmbio média do ano que vem ficará em R$2,01 - ou  seja, a estimativa é de uma pequena recuperação do valor do dólar nos próximos  16 meses. 
A inflação continuará domada, com o Índice de Preços ao Consumidor  Amplo (IPCA), que orienta a política de juros do Banco Central (BC), fechando em  4,33%, abaixo do centro da meta oficial de 4,5%.