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Governo decide reduzir meta de recolhimento de pneus usados
Com nova regra, fabricantes recolherão um pneu usado a cada novo vendido
MARTA SALOMON
Cerca de 1,7 milhão de toneladas de pneus usados deixaram de ser recolhidos num  período de cinco anos por fabricantes e importadores de pneus, que terão de  seguir a nova regra aprovada ontem pelo Conama (Conselho Nacional do Meio  Ambiente), após quase quatro anos de debates.
Dados do Ibama (Instituto  Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) mostram que  apenas 43% da meta foi cumprida desde o início da exigência de recolhimento de  pneus usados, entre 2002 e 2007. Mais de 20 milhões de pneus deixaram de ter a  destinação devida a cada ano.
A principal falha foi dos fabricantes. Em 2008,  eles recolheram menos de 35% da meta.
Em votação ontem, o Conama reduziu as  metas de recolhimento, na intenção de vê-las cumpridas. A partir da publicação  da nova resolução, fabricantes e importadores terão de assegurar o recolhimento  e a destinação adequada de um pneu usado a cada pneu novo comercializado no  país.
Caso recolham mais do que o necessário num determinado ano, a diferença  será considerada "crédito" para os anos seguintes. O governo contabiliza multas  de mais de R$ 20 milhões aplicadas em apenas dois anos e, segundo a resolução,  passará a fazer um acompanhamento anual da destinação dos pneus usados. "O  resultado da nova resolução é que a regra vai pegar; a regra anterior era  inexequível", avaliou a conselheira do Conama Grace Dalla Pria, representante da  CNI.
Lançados indevidamente no ambiente, os pneus usados são apontados como  um dos principais locais de proliferação de mosquitos transmissores da febre  amarela e da dengue, além de aumentarem o risco de contaminação por metais  pesados e substâncias cancerígenas.
No Brasil, os pneus considerados  "inservíveis" são destinados sobretudo à indústria do cimento ou à reciclagem da  borracha, mas nenhuma destinação é considerada integralmente segura pelo Ibama.  Por isso, os pneus são tratados pelo governo como resíduo perigoso.