Notícias
Novas regras para cheque podem encarecer tarifas
As mudanças no uso e fornecimento de cheques poderão gerar aumento de tarifas para o correntista.
Azelma Rodrigues
As mudanças no uso e fornecimento de cheques poderão gerar aumento de tarifas  para o correntista. O chefe do Departamento de Normas do Banco Central (BC),  Sergio Odilon, admitiu que os bancos não foram consultados, "nem direta nem  indiretamente", podendo alegar que as medidas vão elevar custos e que o cliente  terá que pagar por isso.
"Não temos a dimensão se vai elevar tarifas. Nós  achamos que não, que qualquer coisa que reduza o risco e preserve a imagem do  banco, é benéfico. Vamos ter que analisar se as instituições financeiras  alegarem aumento de custo", disse Odilon, ao anunciar a minuta com a proposta de  novas de regras, que entrou hoje para consulta pública por um prazo de 60  dias.
O BC quer que a sociedade, os bancos e o comércio consultem sua  página na internet (www.bcb.gov.br) e apresentem sugestões, críticas,  reclamações sobre as mudanças propostas, que segundo Odilon estão em estudo há  muito tempo.
"Queremos criar facilidades, aperfeiçoar e transformar o  cheque num instrumento de pagamento mais seguro", disse o executivo do BC,  informando que as novas regras foram criadas a partir de dados de reclamações de  fraudes com cheques, apresentadas por correntistas e pelo comércio a órgãos de  defesa do consumidor. "Os bancos não foram consultados", afirmou  ele.
Odilon disse que não há incoerência no fato de tentar melhorar as  regras do cheque, quando se sabe que este é um instrumento de pagamento com  redução de uso, perdendo terreno para o dinheiro de plástico (cartões de  crédito, de débito).
Dados do próprio BC apontam que entre 2003 e 2008, o  uso anual do cheque caiu 36%, de 2,136 bilhões de documentos para 1,373 bilhão  de cheques. No mesmo período, o cartão de débito cresceu 217%, por  exemplo.
"Mesmo em queda, o cheque ainda é um instrumento de pagamento  muito importante e usado em todo o país, principalmente importante para os  comerciantes", comentou Odilon. Ele citou que os 1,373 milhão de documentos  emitidos ano passado giraram o equivalente R$ 1,14 trilhão.
Odilon  informou ainda que o número de cheques devolvidos, por qualquer natureza, vem  crescendo. No ano passado, por exemplo, houve alta de 6,9% sobre o ano anterior,  enquanto nos 12 meses até julho houve crescimento de 7,3% 
O BC resumiu  em oito, as novas exigências para dar mais segurança ao uso do cheque:
-  Os cheques novos terão data de impressão, com validade até 12 meses a partir de  então. Os bancos do cliente sacado poderão devolver o cheque após expirado esse  prazo, mas a regra será opcional. Hoje, não existe prazo para uso do talonário.  Nada muda sobre o prazo de validade para o depósito do cheque. Pode ser  depositado até sete meses após a data da emissão pelo correntista. 
- Os  bancos terão que criar instrumentos internos complementares para dar mais  segurança à emissão de cheques. 
- O correntista será obrigado a  desbloquear as folhas de cheque recebidas em casa. Se não desbloquear, o banco  não paga o cheque. 
- O cancelamento de folha de cheque em branco por  furto ou roubo terá que ter boletim de ocorrência policial.
- Folhas de  cheques declaradas inutilizadas pelo correntista, se apresentadas no futuro,  terão que ser objeto de verificação especial pelo banco.
- Os bancos  deverão informar ao comércio, por exemplo, quando o cheque for devolvido por  falta de confirmação de recebimento do talão pelo cliente.
- Fica  proibida a cobrança de tarifa bancária quando o correntista for incluído,  indevidamente, no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundo (CCF). Hoje, o CCF  cobra uma tarifa automática para cada nome incluído, não importa a causa, e tal  taxa é repassado pelo banco ao correntista.
- Os bancos deverão deixar  claras as informações incluídas nos cadastros de cheques (tipo Telecheque)  consultados pelo comércio.